Para enfrentar as novas dimensões da competitividade no Brasil, nota-se que o setor privado nacional está cada vez mais voltado a agilidade e a flexibilidade da gestão das operações industriais e comerciais dentro das multinacionais.
Uma das formas, de se atingir este objetivo é através da diminuição da burocracia na gestão do negócio e na redução dos níveis hierárquicos que separam a cúpula da empresa e o mercado, com a conseqüente eliminação de custos desnecessários.
A idéia é que processos mais enxutos, operações cada vez mais transparentes e equipes motivadas significam aumento da rentabilidade. Entretanto nem sempre isso é verdade.
Recentes estudos elaborados por empresas de auditoria demonstram que nos últimos anos cresceu de forma alarmante o número de golpes e fraudes aplicados nas empresas brasileiras, sinalizando que a burocracia excessiva e incentivadora da corrupção do passado, foi substituída pela falsa segurança da transparência e da autogestão de empresas mais enxutas.
Na verdade a corrupção nas empresas não diminuiu, pelo contrário, mudou de estilo e de abordagem e está mais forte do que nunca. A “gatunagem” agora é “high-tech” e não surrupia apenas o caixa da empresa na forma de suborno de fornecedores, “jogadas contábeis”, furto de material ou todas as eventuais formas de abuso ocupacional.
Como vivemos sob o signo da “information society”, o novo alvo principal da fraude é na maioria das vezes a própria informação, tanto na esfera industrial como na dimensão estratégica com o desvio e “venda” de informações sobre novos planos de investimentos da empresa,eventuais movimentos visando os processos de privatizações, planos de fusões com outros grupos ou mesmo a aquisição ou venda de ativos, por exemplo.
Tudo isto sem contar com o que classificamos como o “varejo da prevaricação empresarial”, ou seja o tráfico de informações sobre preços e descontos praticados junto a clientes preferenciais, estrutura de custos , ou informações privilegiadas sobre o “data base marketing” da empresa, por exemplo .
Este tipo de delito não aparece nos balanços contábeis e nem tão pouco é acusado no saldo de caixa ou nos extratos bancários da empresa e por conseqüência , não perceptível aos auditores, sejam internos ou externos .
Através do trabalho de consultoria que temos desenvolvido sobre Segurança Estratégica nas Empresas, temos notado uma acentuada incidência desta “nova geração” de fraudes que são tão graves e as vezes mais arrasadoras que os delitos detectados pelo trabalho dos auditores, aliás reconhecidos por eles mesmos como muito longe da eficácia ideal para coibir a “delinqüência reinante”.
Muitas das empresas que nos procuram por razões de perda de competitividade no mercado, geralmente relutam em aceitar eventuais comprovações sobre a existência de verdadeiras quadrilhas drenando a rentabilidade de suas operações sob as mais sofisticadas e inovadoras formas de fraude, que aliadas as fraudes tangíveis, alijam qualquer empresa da competitividade exigida pelo mercado.
Este cenário coloca o dirigente diante de um paradoxo : se criar controles rígidos e burocratizar o processo perde em eficiência e aumenta o custo final da operação; por outro lado se flexibilizar o processo e der mais autonomia aos seus subordinados , corre o risco de ver sua rentabilidade dizer adeus “pela porta dos fundos”.
Podemos garantir que nenhuma das duas alternativas eliminará o risco de fraude. Algumas empresas corretamente estão adotando sistemas de auditoria interna mais competentes, contando com a ajuda de empresas de auditoria especializadas em fraudes.
Entretanto este procedimento por si só não é totalmente eficaz, pois quem comete fraudes são pessoas e não máquinas e como dissemos há um outro dreno de maior calibre, cuja fonte de origem não pode ser detectável pelas auditorias, ou seja: o caracter das pessoas.
A maioria das áreas responsáveis pela gestão do fator humano nas empresas no Brasil , não está preparada a lidar com este tipo de fenômeno, pois por exemplo o próprio processo de seleção e escolha dos colaboradores, é feita na maioria das vezes através de uma metodologia altamente discutível.
Por outro lado as empresas brasileiras em sua maioria desconhecem qualquer metodologia específica a ser empregada no acompanhamento eficaz do comportamento e de atitudes dos funcionários ao longo do período de sua permanência na empresa.
Por exemplo raras são as empresas que acompanham o histórico da vida profissional de seus executivos após o seu desligamento da organização. Este é um ponto importante dentro da processo de detecção de fraudes latentes por exemplo.
No Brasil, seria até considerada uma grande ofensa por em exame a conduta de um executivo com mais de 10 anos de empresa, principalmente se estiver ocupando um cargo de extrema confiança.
A experiência que temos em casos do gênero nos mostra que boa parte das fraudes foram cometidas por funcionários de alto escalão e muitos deles com vários anos na mesma empresa, geralmente na mesma posição por períodos superiores nos últimos 5 anos.
Estamos vivendo novas dimensões da Competitividade. A maioria das empresas investem milhões de dólares em tecnologia para seus produtos e processos de fabricação.
Uma parte desta maioria já descobriu que deve investir não só na qualidade dos produtos mas na qualidade do relacionamento da empresa com o mercado.
Poucas entretanto são aquelas que conseguem perceber que: Ser Humano não é recurso e que não se controla pessoas com processos , regras e regulamentos.
Se assim fosse não existiriam prisões, que aliás andam abarrotadas de seres humanos.
- Fraudes não Tangíveis ( Pontos de Atenção )
- Perda contínua de clientes tradicionais
- Lançamentos de produtos concorrentes idênticos na mesma época sem que haja tradição neste tipo de fenômeno
- Perda contínua de pedidos para o mesmo concorrente com preços muito próximos aos praticados pela empresa
- Desenvolva em sua equipe de vendas o sentido da audição muito mais do que o da oratória. No ponto de venda é importante ouvir, entender e perceber quais os valores e necessidades que o Cliente busca ao pedir um determinado produto .
- Ex funcionários que retornam a empresa após certo período, trabalhando para o concorrente
- Fluxo contínuo (as vezes lento) de desligamento de funcionários para trabalhar no concorrente (principalmente gerência média).
- Executivos de vários anos em postos chaves, perfeitamente acomodados e satisfeitos apesar de receberem salários bem abaixo do mercado.
- Executivos de vários anos em postos chaves, perfeitamente acomodados e satisfeitos apesar de receberem salários bem abaixo do mercado.